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Imagine que você ocupa um cargo para o qual foi contratado por tempo determinado. Antes do prazo terminar, você envia uma mensagem para seu superior e lhe pede uma reunião para discutirem a sua saída e a definição de quem assumiria sua posição. Entretanto, o seu superior não se manifesta, não lhe sinaliza qualquer intenção nem nome. Vocês conversam pessoalmente, mais uma vez, você expressa a necessidade de marcarem uma reunião o quanto antes. Seu superior lhe pede que passe as festas de final de ano e promete lhe contatar no inicio do próximo ano. Entretanto, logo na segunda semana do ano, você é surpreendido com um post no facebook daquele que seria seu sucessor já informando que havia tomado posse de seu cargo. Você confere todos os seus emails, seu whatsapp, msn, messenger, ligações telefônicas para se certificar de que realmente não foi oficialmente afastado do cargo.

Essa história parece a cena de uma novela, mas acontece na vida real. Estamos vivendo um momento de muito questionamento da população brasileira, em especial, sobre a conduta e postura de nossas lideranças. Os veículos de comunicação se ampliaram e não há mais quaisquer desculpas que nos permitam dizer que não houve como contatar uma pessoa. É perceptível que as pessoas têm evitado contatos presenciais e o famoso olho no olho. Não são raros os casos em que as pessoas conseguem se comunicar ou se expressar pelas redes sociais, mas apresentam um estado quase catatônico quando estão frente à frente com alguém. Mas, definitivamente, qualquer tipo de omissão, atitude não ética ou conduta inadequada por parte de um líder não pode e não é mais aceita.

Segundo o autor e conferencista, John Maxwell, no seu livro os “Os 5 níveis da liderança”, o líder é seguido e respeitado pelos seus colaboradores de forma diferente dependendo de em qual degrau dessa liderança ele está. Para ele, o primeiro degrau é o degrau “Posição” no qual a palavra chave é Direito. Se o líder está neste degrau, as pessoas só o seguem porque ele tem um crachá, um cargo, uma posição. Essa pessoa não é necessariamente respeitada nem admirada porque o respeito está ligado apenas à sua posição. Assim, este líder também terá junto a si as piores pessoas do mercado. Pessoas que têm como única motivação o que lhes trará benefícios próprios ou até mesmo um salário no final do mês.

No segundo degrau da liderança, a palavra-chave é relacionamento e o degrau é o degrau da “Permissão”. Neste degrau, as pessoas seguem o líder porque ele desenvolveu relacionamento e empatia com seus coordenadores. As pessoas o seguem porque desejam e porque o líder os influencia e os cativa com o relacionamento e confiança que construiu. O terceiro degrau é o da “Produção”. Estes líderes estão na posição que estão porque fizeram acontecer e atingiram resultados para a empresa. Seus colaboradores estão com ele porque tem um apurado senso de comprometimento com os resultados e se sentem coparticipantes. Este é um líder que está verdadeiramente junto da sua equipe.

O quarto nível é o nível do “Desenvolvimento de Pessoas”. O líder que alcança este degrau ja passou pelo degrau da produção e entende que sua hora de desenvolver pessoas e até de formar sucessores. O maior ativo da empresa para estes líderes são as pessoas e entendem que quando o foco deixa de ser apenas o resultado e passa a ser o desenvolvimento das pessoas, o resultado consequentemente passa a ser bem maior. E poucos líderes conseguem atingir o último degrau da liderança que é o “Ápice”. A palavra-chave desse nível de liderança é Respeito. Este líder é seguido por ter construído um história baseada na ética, no compromisso, no respeito às leis e às pessoas, no cuidado, na retidão, na transparência e no amor ao seu trabalho, à organização e, acima de tudo, às pessoas. Estes líderes são admirados porque têm uma carga de experiência acumulada. São pessoas que deixam um legado que transcende sua passagem pelas incorporações ou instituições. São líderes que elevam as pessoas a patamares mais elevados e transformam positivamente as pessoas.

O caso deste líder que usa sua posição e seu cargo arbitrariamente sem ter o menor respeito pelo profissional e ser humano, sem respeitar a ética e sem seguir os trâmites legais ou as condutas organizacionais é típico de um líder que usa sua posição para passar por cima de quem estiver no seu caminho. O colaborador que só teve conhecimento que não mais ocupava aquele cargo pelo Facebook usou a mesma ferramenta para entregar seu cargo ao seu superior. O que muda em tempos de redes sociais e da democratização da informação é que as pessoas, todas elas, também se apropriam destes meios para se expressarem. Os fatos saem para o lado de fora dos muros das organizações e as práticas que tentam ser feitas às escuras, sem transparência e sem a comunicação adequada caem na rede e se viralizam.

Em qual degrau você quer estar? Quais são os caminhos que quer trilhar e qual o legado quer deixar na sua vida profissional e na sua passagem por este planeta? A escolha e a forma como conduz as suas relações são todas suas.